domingo, 2 de agosto de 2009

Vencendo a ansiedade

CREDENCIAL
A credencial é um documento que o peregrino retira na cidade onde inicia sua trajetória. Esse documento deve ser carimbado nas pousadas ao longo do trajeto e apresentado na Secretaria da Basílica de Aparecida, para recebimento do Certificado de Conclusão.
A sede do Caminho da Fé é em Águas da Prata/SP, onde fica a Associação dos Amigos do Caminho da Fé. Nesta cidade o caminho foi inaugurado em 11.02.2003, porém as credencias podem ser retiradas em varias cidade, portanto a numeração de nossas credencias 3.600 e 3.601 refere-se às credencias retiradas somente em Tambaú.
O fascínio que a credencial exerceu sobre nós foi impressionante, a cada carimbo conquistado sentíamos a emoção de uma etapa atingida. Só estando lá para sentir o valor e a importância de um simples “carimbo”. Através de coisas simples podemos realizar grandes sonhos.

SUBIDAS

Constatamos logo no início o que já sabíamos!
Quando fica impossível de pedalar e temos que empurrar a bike, usando sapatilhas e com o peso dos alforjes, a dificuldade é tremenda. As pedras e erosões fazem com que apoiemos as pontas dos pés no chão e o taco (uma trava de metal, que fica na sola da sapatilha) escorrega, ou seja, fazemos muito mais força empurrando a bike do que pedalando.
E olha que as subidas nesse nível não foram poucas, algumas intermináveis. Sabe quando você vê uma curva e pensa “depois dessa curva acabou” e descobre que você só subiu a parte mais fácil, que a pior esta a sua frente? Então isso foi comum, tanto que desenvolvi a técnica da “copa das árvores”. Eu falava para a Rosana: - Tá vendo a copa das árvores? Não tem mais nada além daquelas logo ali na frente, o que significa que a subida terminou, uhuuuu. ... estava enganado, era uma curva e tinha muito mais, mas nem ligávamos, na outra subida eu falava a mesma coisa, e servia de alento. O importante é que eu estava acompanhado de uma pessoa maravilhosa, persistente, às vezes até teimosa, e os obstáculos eram vencidos a cada dia, com maior ou menor dificuldade, mas eram vencidos.

CASA BRANCA
Chegamos a Casa Branca na hora do almoço e, resolvemos procurar um lugar no centro da cidade, confesso que fiquei assustado. A cidade abriga um presídio, muitos dos familiares dos presos se mudaram para a região. Nos finais de semana, por causa da visita, muitas pessoas de fora vão para lá, com isso, encontramos muitas pessoas que de alguma forma parecia nos hostilizar, não tem nada haver com os moradores da cidade, apenas não nos sentimos confortáveis para sentar no banco da praça e descansar, uma sensação muito ruim. Com isso, saímos do restaurante, freqüentado por umas pessoas estranhas e fomos direto pedalar, para fora da cidade.

Paramos debaixo de um viaduto na rodovia. Esta experiência foi positiva sobre dois aspectos:
1º. Um motoqueiro com uma CB 400, moto que fazia um tempão que eu não via, nos vendo sentados na grama, bikes com alforjes, bandeira do Brasil, parou e veio conversar conosco, um peregrino que já fez o caminho de bike, foi como dizem “maior legal”, nos deu alguns conselhos e foi embora.
2º. Decidimos que não almoçaríamos mais, o melhor é levar um lanche para a parte da manhã e outro para tarde. O gel, as frutas e as barrinhas seriam suficientes, porém o jantar seria indispensável e fundamental. Não temos o costume de jantar, mas na viagem era a melhor coisa do mundo.

HOSPEDAGEM
No site do Caminho da Fé tem uma lista de pousadas e hotéis em todo o percurso do caminho, com endereço, telefone, pessoas para contato e sempre com mais de uma opção em cada local. É possível planejar seu pedal e determinar onde ficar, porém em algumas situações o planejamento tem que ser mudado. Podemos demorar mais do que o previsto ou ser mais rápido, e assim ficar em local diferente do planejado. O importante é observar se o local pede que informe sua estada com antecedência, alguns são sítios e precisam se preparar para receber o peregrino.

SUFOCO
Para o primeiro dia planejamos dormir na Pousada da Cidinha, em Vagem Grande do Sul. Imaginem só, era o primeiro dia, a ansiedade a flor da pele, não conhecíamos as indicações do caminho que, diga-se de passagem, são perfeitas, não da para se perder, mas até pegarmos confiança vai algum tempo. Com isso, estávamos inseguros e logo de cara planejamos pedalar mais de 70 km com muito morro, mas muito mesmo, subidas alucinantes, chegamos a tocar as nuvens, bem... quase. A Pousada da Cidinha não é uma das que precisamos fazer reversas, mas como todo paulistano organizado e agitado, eu tentei ligar várias vezes durante o dia, onde tinha sinal, evidentemente, mas não tinha conseguido. A noite foi chegando, cansaço nem se fala, e aí o bicho pegou, ficamos meio que desesperados para chegar, quando enfim chegamos, eu aprendi mais algumas coisas:
1º. O caminho é chamado de Caminho da Fé por uma razão muito simples, a própria fé.
2º. Confiar nas informações que contam no site é muito importante, pois chegamos exatamente no quilometro marcado, ou seja estávamos sempre no caminho certo.
3º. Existem anjos de verdade, eles estão em torno do Caminho da Fé e recebem os peregrinos de tal maneira que dá sentido a sua jornada, portanto vá com fé.

No final deste primeiro dia aprendemos que ter a fé é como uma "âncora", que nos mantém seguros em nosso propósitos.

Um comentário:

  1. Poxa !! Como eh bom atingir objetivos !! Rosana e Aguinaldo, voceis são vencedores e merecedores de todas as honras dos bravos lutadores .... beijão e se Deus assim o permitir, irei encarar esta inesquecível aventura também, Débora 2009

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